A poluição atmosférica caracteriza-se basicamente pela presença de gases tóxicos e partículas sólidas no ar. As principais causas desse fenômeno são a eliminação de resíduos por certos tipos de indústrias (siderúrgicas, petroquímicas, de cimento etc.) e a queima de carvão e petróleo em usinas, automóveis e sistemas de aquecimento doméstico. O ar poluído penetra nos pulmões, ocasionando o aparecimento de várias doenças, em especial do aparelho respiratório, como a bronquite crônica, a asma e até o câncer pulmonar.
Outra importante conseqüência da poluição atmosférica é o surgimento e a expansão de um buraco na camada de ozônio, que se localiza na atmosfera – camada atmosférica situada entre 20 e 80 km de altitude. O ozônio é um gás que filtra os raios ultravioletas do Sol. Se esses raios chegassem à superfície terrestre com mais intensidade provocariam queimaduras na pele, que poderiam até causar câncer, e destruiriam as folhas das árvores.
Na realidade, é nos grandes centros urbanos que o espaço construído pelo homem, a segunda natureza, alcança seu grau máximo. Quase tudo é artificial; e, quando é algo natural, sempre acaba apresentando variações ou modificações provocadas pela ação humana. O próprio clima das metrópoles – o chamado clima urbano – constitui um exemplo disso. Nas grandes aglomerações urbanas normalmente faz mais calor e chove um pouco mais que nas áreas rurais vizinhas; além disso, nessas áreas são também mais comuns as enchentes após algumas chuvas. As elevações nos índices térmicos do ar são fáceis de entender: o asfaltamento das ruas e avenidas, as imensas massas de concreto, a carência de áreas verdes, a presença de grandes quantidades de gás carbônico na atmosfera (que provoca o efeito estufa), o grande consumo de energia devido à queima de gasolina, óleo diesel querosene, carvão, etc., nas fábricas, residências e veículos são responsáveis pelo aumento de temperatura do ar. Já o aumento dos índices de pluviosidade se deve principalmente à grande quantidade de micropartículas (poeira, fuligem) no ar, que desempenham um papel de núcleos higroscópicos que facilitam a condensação do vapor de água da atmosfera. E as enchentes decorrem da dificuldade da água das chuvas de se infiltrar no subsolo, pois há muito asfalto e obras, o que compacta o solo e aumenta sua impermeabilização.
Todos esses fatores que provocam um aumento das médias térmicas nas metrópoles somados aos edifícios que barram ou dificultam a penetração dos ventos e à canalização das águas – fato que diminui o resfriamento provocado pela evaporação – conduzem à formação de uma ilha de calor nos grandes centros urbanos. De fato, uma grande cidade funciona quase como uma “ilha” térmica em relação às suas vizinhanças, onde as temperaturas são normalmente menores. Essa “ilha de calor” atinge o seu pico, o seu grau máximo, no centro da cidade.
A grande concentração de poluentes na atmosfera provoca também uma diminuição da irradiação solar que chega até a superfície. Esse fato, juntamente com a fraca intensidade dos ventos em certos períodos, dá origem às inversões térmicas. O fenômeno da inversão térmica – comum, por exemplo, em São Paulo, sobretudo no inverno – consiste no seguinte: o ar situado próximo à superfície, que em condições normais é mais quente que o ar situado bem acima da superfície, torna-se mais frio que o das camadas atmosféricas elevadas. Como o ar frio é mais pesado que o ar quente, ele impede que o ar quente, localizado acima dele, desça. Assim, não se formam correntes de ar ascendentes na atmosfera. Os resíduos poluidores vão então se concentrando próximo da superfície, agravando os efeitos da poluição, tal como irritação nos olhos, nariz e garganta dos moradores desse local. As inversões térmicas são também provocadas pela penetração de uma frente fria, que sempre vem por baixo da frente quente. A frente pode ficar algum tempo estagnada no local, num equilíbrio momentâneo que pode durar horas ou até dias.
Segundo do professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Laboratório de Poluição da USP, Paulo Saldiva, Todos os anos 3,5 mil pessoas morrem na cidade de São Paulo (SP) devido à má qualidade do ar. Entre 5% e 10% das mortes consideradas por “causas naturais” na Grande São Paulo são resultados de danos causados pela poluição atmosférica à saúde da população. Até 2040, cerca de 25 mil mortes estarão relacionadas à poluição do ar da região metropolitana de São Paulo. Para os pesquisadores a frota automotiva é a verdadeira vilã do problema de poluição do ar.
A poluição atmosférica causa efeitos à saúde como problemas oftálmicos, doenças dermatológicas, problemas gastrointestinais, problemas cardiovasculares, doenças pulmonares, alguns tipos de câncer, efeitos sobre o sistema nervoso e algumas doenças infecciosas. O nível de poluição atmosférica é determinado pela quantificação das substâncias poluentes presentes no ar. O grupo de poluentes considerados como indicadores mais abrangentes da qualidade do ar é composto por monóxido de carbono, dióxido de enxofre, material particulado e ozônio, mais o dióxido de nitrogênio. A razão da escolha desses parâmetros como indicadores de qualidade do ar está ligada a sua maior frequência de ocorrência e aos efeitos adversos que causa ao meio ambiente.
De acordo com os estudos sobre a poluição do ar na capital paulista e o impacto sobre a saúde da população, nos dias de maior poluição, quem mora em São Paulo tem um quadro clínico de inflamação pulmonar (um fechamento pequeno das artérias que podem levar ao aumento da pressão arterial – hipertensão). A maior parte das pessoas atingidas por este quadro não sente nada, mas durante décadas isso levará a um efeito maior com a redução da expectativa de vida. Na capital paulista, de acordo com o professor, há uma redução em média de um ano e meio na expectativa de vida. Outro dado preocupante é o número de mortes por doenças agravadas pela poluição. Saldiva afirma que em São Paulo morrem nove pessoas por dia, vítimas da poluição, o que representa entre 5% a 10% do número de óbitos da capital paulista.
Os estudos desenvolvidos no laboratório indicam que os grandes problemas em São Paulo e nos grandes centros urbanos do mundo são o ozônio e o material particulado, sendo que, respectivamente, 80% e 40% dos precursores desses dois poluentes derivam da frota de veículos a diesel. A Organização Mundial de Saúde preconiza como limite para a qualidade do ar 20 microgramas por m³ de material inalável, sendo que São Paulo apresenta o dobro – 40 microgramas por m³. “São Paulo é pior que Los Angeles e até Nova Iorque é mais limpa”, compara o professor. Mas, segundo ele, São Paulo não é a capital com a pior qualidade do ar: no Rio de Janeiro o índice é de 60 microgramas por m³.
Conforme avaliações da Cetesb, considera-se poluente qualquer substância presente no ar e que, pela sua concentração, possa torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, causando inconveniente ao bem estar público, danos aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade. O nível de poluição atmosférica é medido pela quantidade de substâncias poluentes presentes no ar. A variedade das substâncias que podem ser encontradas na atmosfera é muito grande, o que torna difícil a tarefa de estabelecer uma classificação.
A companhia desenvolve um trabalho intensivo de controle e fiscalização de fontes fixas, representadas pelas indústrias, e móveis, constituídas pelos veículos automotores. O monitoramento se concentra nos principais poluentes atmosféricos, reconhecidos internacionalmente como indicadores de qualidade do ar. São o dióxido de enxofre, partículas em suspensão, monóxido de carbono, oxidantes fotoquímicos como o ozônio, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio. Os dados são coletados pelas 23 estações automáticas de monitoramento da qualidade do ar localizadas na Grande São Paulo e seis no interior, que avaliam as concentrações de poluentes na atmosfera.
Fonte: Qualidade Online